As 10 principais coleções de Jonathan Anderson na Loewe
Confira os momentos mais marcantes de Jonathan Anderson na Loewe, que mostram a metamorfose da casa espanhola na última década.
As coleções de Jonathan Anderson na Loewe, durante os últimos 11 anos, fizeram a etiqueta espanhola, fundada em 1846 como uma butique de artigos de couro, se tornar uma das marcas mais desejadas ao redor do mundo. De acordo com o Morgan Stanley, as vendas saltaram de 230 milhões de euros em 2014 para mais de 1 bilhão em 2024.
Adquirida em 1996 pelo grupo LVMH – que também controla maisons como Louis Vuitton, Dior e Fendi –, a Loewe contou com diferentes nomes na sua direção criativa desde então. O nova-iorquino de origem cubana Narciso Rodriguez foi o primeiro, entre 1997 a 2001. Em seguida, veio o belga José Enrique Oña Selfa, até 2007. Depois, foi a vez do britânico Stuart Vevers, no posto até setembro de 2013. A partir do ano seguinte, com o irlandês Jonathan Anderson na chefia do estilo, rolou a transferência do estúdio de design de Madri para Paris, e todo um novo capítulo na história da empresa foi inaugurado.

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Em junho de 2014, o estilista apresentou a sua primeira coleção, a de verão 2015 masculina, por meio de um lookbook. Nas fotos, já dava pistas do que desejava construir: romper com a ideia de que peças de couro são sempre pesadas, para explorar o trabalho artesanal com o material de forma lúdica e fantástica. Ao longo dos anos, ele passou a brincar com a roupa, a trazer um pouco de humor para as criações e a questionar o que é belo ou estranho. Começou com itens simples, mas sempre interessantes, como um vestido com amostras irregulares de camurça. Aos poucos, avançou para o conceitual até chegar ao surrealismo, com silhuetas pouco convencionais e proporções inusitadas.
Para reforçar o comprometimento da marca com o artesanato e por ser um entusiasta das artes, Jonathan lançou, em 2016, o Loewe Craft Prize. O objetivo era apoiar artesãos independentes de diferentes áreas, não apenas os ligados ao setor têxtil ou à produção de acessórios. Em colaborações, o estilista preferiu muitas vezes trabalhar com criadores LGBTQIA+, como forma de apoio à comunidade. Entre as iniciativas, estão parcerias com artistas como Joe Brainard (inverno 2021 feminino) e Richard Hawkins (inverno 2024 masculino), além da produção de drops de camisetas com estampas de David Wojnarowicz, revertendo recursos para a organização Visual Aids. Na Loewe, o designer também patrocinou, anualmente, o festival PHotoESPAÑA, em Madri, que apresentou exposições dedicadas a nomes como Peter Hujar, Hervé Guibert e a drag queen Divine.

Rihanna no Super Bowl 2023. Foto: Getty Images
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O lado intelectual andou junto com o pop. Ele vestiu as atrizes Ayo Edebiri, Taylor Russell e Greta Lee, para tapetes vermelhos, e a cantora Rihanna, na apresentação do Super Bowl 2023. Assinou ainda colaborações com o Studio Ghibli, homenageou a extinta loja Paula ‘s Ibiza, ícone das Ilhas Baleares nos anos 1970, criando uma linha de acessórios e perfumes com energia psicodélica e fechou uma dobradinha com a esportiva On, na produção de tênis e roupas de performance. No cinema, Jonathan criou o figurino de Rivais (2024) e Queer (2024), de Luca Guadagnino.
No dia 10 de março, o designer apresentou a sua coleção de inverno 2025, nas salas do Hôtel de Maisons, no formato de exposição e com jeito de retrospectiva. Uma semana depois, o grupo LVMH anunciou a sua saída. Em 2 junho de 2025, Jonathan Anderson foi anunciado o novo diretor criativo das linhas feminina, masculina e de alta-costura da Dior, maison que pertence à mesma holding da Loewe. Atualmente, são os estilistas estadunidenses Jack McCollough e Lazaro Hernandez, ex-Proenza Schouler, que assumem a grife espanhola.
Antes da dupla debutar na sexta-feira (03.10), confira as maiores coleções de Jonathan Anderson na Loewe:
Inverno 2015 feminino

Loewe, inverno 2015. Foto: Getty Images

Bolsa Puzzle na coleção de inverno 2015 da Loewe.. Foto: Getty Images
A estreia de Jonathan nas passarelas com a Loewe foi na sede da Unesco, em Paris, com destaque para a expertise da grife com o couro. Pela primeira vez, a bolsa Puzzle entra em cena, reunindo funcionalidade e diversão em um mesmo produto. Camisetas, blusas de tricôs, calças retas e colares com amostras de tecido abrem alas para uma estética mais boêmia e experimental na casa.
Verão 2018 masculino

Loewe, verão 2018 masculino. Foto: Jamie Hawkesworth
Na série de fotos tiradas por Jamie Hawkesworth na residência que foi de Salvador Dalí na Catalunha, Jonathan Anderson sedimenta a visão artesanal e conectada às raízes espanholas que deseja para a Loewe. Até janeiro de 2019, todas as coleções masculinas foram apresentadas em lookbooks, mostrando a relação do estilista com fotógrafos veteranos e em ascensão. Nomes como Tyler Mitchell, Steven Meisel, David Sims e Juergen Teller foram convidados para clicar imagens que se tornaram inesquecíveis. Este último, foi o responsável pelo icônico registro da atriz Maggie Smith, aos 88 anos, na campanha de verão 2024 da marca.

Maggie Smith na campanha de verão 2024. Foto: Juergen Teller
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Inverno 2020 masculino

Loewe, inverno 2020 masculino. Foto: Getty Images
Como uma criança que se diverte ao vestir as roupas dos pais, o designer cutucou as noções de gênero na moda. Aqui, homens aparecem com vestidos de debutante sobre a alfaiataria. A escolha remete a uma das coleções mais importantes de Jonathan Anderson em sua marca própria, a JW Anderson, que é a de inverno 2013 masculina. Nela, ele vestiu garotos com tops sem alças e bermudas com babados nas barras. Foi necessário um pouco de tempo, mas ele conseguiu replicar as ideias que construiu no negócio autoral e independente para a grife de alcance global.
Inverno 2020 feminino

Loewe, inverno 2020. Foto: Getty Images
Essa coleção marca o início de uma mudança na imagem da Loewe, que passa a abraçar cores mais fortes, formas ousadas e volumes extraordinários. Materiais inusitados são usados nas roupas, como o caso das placas de cerâmicas integradas a vestidos drapeados. Acontecem os primeiros sinais da rebelião na silhueta que vai seguir em coleções como a de inverno 2021, com muita geometria, e no verão 2022, com estruturas pontiagudas por baixo dos tecidos.
Inverno 2022 feminino

Loewe, inverno 2022. Foto: Getty Images
Em uma virada de chave para o surrealismo, Jonathan Anderson leva para a passarela vestidos moldados, como se fossem de bonecas. Há balões impressos em 3D que são incorporados às roupas e aos sapatos e transformados em tops. Nesta coleção, está o vestido com mãos negras e unhas vermelhas que, mais tarde, virou o body usado por Beyoncé na turnê Renaissance. Daí em diante, a marca passou a ser uma das mais buscadas online, entrando para o topo do ranking de 2024, segundo o levantamento da plataforma de pesquisa e consumo Lyst.
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Verão 2023 feminino

Loewe, verão 2023. Foto: Getty Images
Após a pandemia, Jonathan Anderson desperta ainda mais o seu interesse pela era da pós-verdade. A realidade, afinal, passa a ser manipulada digitalmente, agora até por inteligência artificial. Ele puxa então o conceito do surrealismo para a vida conectada. Um antúrio gigante feito de fibra de vidro faz parte do cenário e, na roupa, a flor enfeita a parte de cima dos vestidos. Sapatos com a aparência inflada lembram os da personagem Minnie Mouse, da Disney, e um conjunto de moletom, que parece feito de píxels, confunde os olhos, brincando com o fato de que nem tudo é o que parece.
Verão 2023 masculino

Loewe, verão 2023 masculino. Foto: Getty Images
A provocação entre o mundo digital e o físico segue influente. Casacos com telas aplicadas, exibindo vídeos da natureza, aparecem ao lado de sobretudos e sapatos com gramas que crescem em cima do próprio tecido. Jonathan Anderson fez uma parceria com a estilista espanhola Paula Ulargui Escalona, cultivando chia em cima dos itens, durante 20 dias, antes da apresentação.
Verão 2024 masculino

Loewe, verão 2024 masculino. Foto: Getty Images
Uma das características do estilista é a de mudar a nossa percepção sobre objetos cotidianos. Nesta coleção, por exemplo, o cavalo das calças fica bem mais alto, um pouco além da cintura. Aplicando pequenos estranhamentos naquilo que nos é familiar, ele ajuda a alargar os conceitos pré-definidos que temos sobre o que é belo ou estranho.
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Verão 2025 feminino

Loewe, verão 2025.
Foto: Getty Images
Em seu último desfile para a Loewe, as modelos andam com vestidos leves de chiffon, com finas estruturas de metal por baixo, que as fazem parecer flutuar. Elas circundam uma escultura em bronze de pássaro assinada por Tracey Emin. É que Jonathan Anderson fez da Loewe uma porta de entrada para apresentar e reverenciar artistas em seus cenários, como Lynda Benglis (verão 2024), Franz Erhard Walther (inverno 2019 masculino) e Joe McShea e Edgar Mosa (inverno 2022).
Inverno 2025 feminino e masculino

Loewe, inverno 2025 feminino e masculino.
Foto: Getty Images
A última coleção foi uma colaboração com a Fundação Josef & Anni Albers – o casal Albers foi parte do movimento modernista na primeira metade do século 20. As peças foram expostas em manequins. Parte delas dialoga com as obras dos artistas, mas todo o resto é uma espécie de retrospectiva de Jonathan sobre a sua trajetória na marca. Há vestidos drapeados, formatos balonê, sapatos de couro alongados, além de distorções nas proporções, efeitos ópticos e a conexão com diferentes formas de artesanatos. O formato da apresentação também conversa com o seu maior legado: ter conectado a marca intrinsecamente à cultura.
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