NYFW verão 2024: 10 tendências e mais uns pitacos

Terminada a primeira etapa desta temporada de desfiles, selecionamos as principais tendências da NYFW verão 2024, do minimalismo 90's aos minivestidos 60's e mais.


Modelo no desfile da Proenza Schouler na NYFW verão 2024.
Proenza Schouler, verão 2024. Foto: Getty Images



Cabô. Quer dizer, falta uma apresentação, a da Luar, mas já para adiantar o balanço de tendências da NYFW verão 2024. Bora lá?

Minimalismo

 

É difícil não associar a estreia de Peter Do na direção criativa da Helmut Lang com as várias referências do minimalismo que pautou boa parte dos anos 1990. E mais ainda aquelas que constituem a essência da marca do designer austríaco (no caso, Lang). Porém, não sejamos ingênuos, né? O fato é que muita gente quis roubar o spotlight do estilista vietnamita (aqui, o caso é o Do).

Brincadeira. O fato real oficial é que a moda já vinha num flerte com esse estilo menos é mais já faz um tempo. A diferença agora é que as leituras são mais pragmáticas, quase literais. E dá-lhe ternos com design geométrico, muito preto e branco, camisas de corte reto, básico reeditados e nada de estampas e volumes extravagantes.

Tons neutros

 

Do olhar nostálgico à década de 1990, também vem a predominância de tons neutros bem claros – mas claros mesmo, beirando o branco alvo. E se a peça tiver aparência simples e confortável, melhor ainda.

Camisa branca

 

Não tem peça mais clássica. Também é difícil achar outro item do vestuário que converse tão bem com o mood 90’s-menos é mais. E aí vale tudo: da camisa branca tradicional às versões oversized, com tecidos transparentes ou aspecto quase rústico ou natural.

Transparência

 

Fãs de Sex and the city dificilmente esquecerão do naked dress, o vestido camisola que Carrie Bradshaw usou para ir a um encontro com Mr. Big. O nome tem a ver com a cor e o tecido fino da peça (tão levinho que marcava o corpo todo). E tem também aquela foto famosa de Kate Moss só com uma camadinha translúcida. Agora, a peladice não se limita ao modelo com alcinhas nem aos materiais translúcidos. Rendas e tramas abertas também entram no jogo.

Rendas

 

Falando em pele à mostra, uma das principais tendências da NYFW verão 2024 é a renda. Ela apareceu de diversas maneiras: tem a versão meio bonequinha em vestidos com cintura império na Michael Kors, tem o conjunto de saia mídi e top, para as ladies mais saídas who lunch da Carolina Herrera, e conjuntos de calça e camisa para quem prefere o downtown ou o outro lado do East River, como visto na Eckhaus Latta.

Anos 1960

 

Embarcando de novo na onda retrô, a década de 1960 apareceu em vestidos evasês bem curtinhos, alguns com cintura império (logo abaixo do busto). A referência é menos Courrèges e Pierre Cardin, e mais Givenchy e Balenciaga. Rolaram até uns casacos bem nessa pegada couture das antigas.

Suéter nos ombros

 

Os twin sets, que fizeram um retorno triunfal na temporada de inverno 2023 (muito devido à Miuccia Prada na Miu Miu), volta meio desconstruído. É que o cardigã ou suéter sai do corpo e é amarrado por cima dos ombros, com o nó no meio do peito ou deslocado para um dos lados. Ah, tem também peças que já vem com alças soltinhas para isso, como os vestidos da Proenza Schouler.

Saia rodada

 

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A saia godê, aquela com cintura marca no devido lugar e um bom tanto de tecido, fez uma aparição um tanto surpreendente nas passarelas nova-iorquinas. Tudo bem que no inverno 2023 os modelos rodados deram as caras, meio tímidos. Agora, porém, chegam com um bom destaque.

Saia longa de cintura baixa

 

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As saias longas já estão dando o que falar no street style. E no que depender de algumas marcas da semana de moda de Nova York, elas continuarão presentes, porém com cortes retos, comprimentos nos tornozelos e cintura baixa.

Chinelo

 

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Um acessório perfeito para os modelos de saia que falamos acima são os chinelos de dedo. Isso mesmo, eles foram meio onipresentes nesta temporada da NYFW. Os modelos são vários: tem os mais arrumados e com um saltinho, os bem rasteiros e discretos e os esportivos. Para as mais ousadas, vale até usar com meia-calça, como na Proenza Schouler. Pode parecer estranho, mas o resultado final é bem interessante.

E agora, alguns pitacos sobre a NYFW verão 2024

Ao acompanhar os desfiles de longe, tive uma impressão parecida com a que rolava sobre a São Paulo Fashion Week nas duas primeiras décadas dos anos 2000: a de uma semana de moda meio perdida, em busca de sua identidade (ou diferencial) e ainda muito apoiada em referências europeias.

Daí a falta de novidade real oficial. Boa parte do que vimos são interpretações de assuntos, ideias, silhuetas e proporções que marcaram a estação passada, a de inverno 2023. Não tem a ver com cópia, e, sim, com falta de personalidade. Com isso, aquele movimento de novos criadores que começou a tomar forma uns dois anos atrás vai se esvaindo. 

Antes da pandemia, a saída de cena ou do calendário de grandes nomes da indústria local – Donna Karan, Calvin Klein, Ralph Lauren – abriu espaço para uma nova geração subir ao palco. Foi quando Telfar, Pyer Moss, Christopher John Rogers, Hood by Air, Vaquera e companhia ganharam a devida atenção. Hoje, porém, nenhum desses nomes segue na NYFW.

Modelo no desfile da Proenza Schouler na NYFW verão 2024.

Proenza Schouler. Foto: Getty Images

Marcas ainda mais jovens que despontaram com a retomada das atividades (graças às vacinas) lá por 2021, também já questionam se vale a pena participar de uma fashion week. Hoje, o que acontece de mais interessante na moda dos EUA não faz parte do evento oficial. Nem o veterano Marc Jacobs está mais presente.

Os que resistem têm de enfrentar um mercado extremamente competitivo e cativar um público cada vez mais volátil e distraído. Na corrida por milésimos de atenção, o cuidado com a construção e evolução de uma identidade (a dos produtos nem se fala) fica em segundo plano. Às vezes, parece que nem importa.

Não à toa, os destaques desta edição da NYFW verão 2024 são aqueles que optaram por desacelerar, olhar para a roupa e para o que faz sentido para cada um deles. O desfile mais aguardado da semana, o da Helmut Lang por Peter Do, desapontou justamente por olhar demais para o passado alheio e pouco para o que ressoa com o presente – próprio e coletivo.

Modelo no desfile de Gabriela Hearst na NYFW verão 2024.

Gabriela Hearst. Foto: Divulgação

Em contrapartida, os estilistas Jack McCollough e Lazaro Hernandez, da Proenza Schouler, mostram uma de suas melhores coleções (e uma interpretação bem mais atual do legado de Lang). Por que? Porque, em vez de pular de um assunto para o outro a cada estação, a dupla optou por ir lapidando, melhorando e evoluindo o que é mais essencial (e o que mais vende) na marca. 

Gabriella Hearst, que daqui a semanas apresentará seu último desfile como diretora criativa da Chloé, já mostrou que o foco na marca homônima promete bons resultados. E na estreia da Fforme nas passarelas, o diretor de criação Paul Helbers provou que consistência, conhecimento, dedicação e atenção máxima aos processos de produção da roupa são garantia de sucesso – não de likes.

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