Os 13 principais desfiles nacionais de 2023 

Neste ano, enquanto designers como Airon Martin, da Misci, e Rafaella Caniello, da Neriage, decidiram por fazer apresentações isoladas, o veterano Alexandre Herchcovitch estreou na Casa de Criadores com sua marca homônima, levantando um debate sobre o que funciona mais hoje em dia: respeitar o próprio tempo com uma apresentação separada ou unir forças dentro de uma semana de moda nacional? Abaixo, você confere a lista com os 13 principais desfiles nacionais de 2023.  

 

• Misci desfila coleção na Pina Contemporânea

Airon Martin, da Misci, apresentou a coleção “Valor Latino”, na Pina Contemporânea, o novo espaço da Pinacoteca, em São Paulo. Com ela, procurou expandir o repertório de brasilidade pelo qual a sua marca é conhecida e partiu para outros países da América Latina, com estampas de pipoca que lembram o uso do milho nessas terras. 

 

• 20 anos de desfiles de João Pimenta

Para celebrar seus 20 anos de desfiles na SPFW N55, João Pimenta levou seus convidados ao Theatro Municipal. Na coleção, bastante performática, como o estilista gosta, arquétipos como o dândi, o caubói e o punk marcaram os quatro atos da apresentação. As referências vinham de festas do interior, como a de São João, batizados, casamentos e outras celebrações religiosas misturadas ao barroco europeu, influências ameríndias, kitsch sertanejo e elementos urbanos. 

João Pimenta, SPFW N55 Foto: Marcelo Soubhia / @agfotositeSoubhia / @agfotosite

• 10 anos da marca Igor Dadona

Quem também teve motivos para celebrar foi Igor Dadona. O designer comemorou 10 anos de carreira durante a SPFW N55 e sua coleção partiu da ideia de roupa de escritório misturada à de festa. Com destaque para a camisaria e alfaiataria, os carros-chefe do negócio, o estilista aproveitou o desfile para reforçar o foco comercial da marca.

 

• Projeto Ponto Firme desfila no Copan

Idealizado em 2015 pelo estilista Gustavo Silvestre, o Projeto Ponto Firme começou com aulas de formação técnica em crochê para sentenciados no presídio masculino Adriano Marrey, em Guarulhos (SP). Em 2021, a vontade de expandir a ação deu vida à Escola Ponto Firme, com cursos para pessoas em situação vulnerável, que hoje colaboram com a apresentação e outros projetos comerciais, tudo devidamente remunerado. Para a 55ª edição da SPFW (a etiqueta participa desde 2018), o Ponto Firme ocupou a passagem de pedestre embaixo do Edifício Copan, no centro de São Paulo. Entre as novidades, destaque para o uso do paetê cortado a laser e costurado em tramas de crochê. 

Ponto Firme, SPFW N55 Foto: Marcelo Soubhia / @agfotositeSoubhia / @agfotosite

• Walério Araújo homenageia Elke Maravilha

Para sua coleção na SPFW N55, Walério Araújo trouxe interpretações de elementos que marcaram e fizeram parte da vida de Elke Maravilha. O designer e a modelo se conheceram logo após Walério se mudar de Pernambuco para São Paulo, aos 20 e poucos anos. A partir de então, se tornaram amigos e colaboradores. O desfile foi pensado como uma linha do tempo: começa com interpretações de produções usadas por Elke em coleções de Clodovil e Zuzu Angel, vai para os palcos do Chacrinha e termina com o que Walério criaria para ela se sua musa estivesse viva. 

 

• Rober Dognani celebra a própria mãe

Para a sua apresentação durante a Casa de Criadores 52, Rober Dognani fez um desfile em homenagem a Dona Iracema, sua mãe e principal mentora, falecida no começo do ano em decorrência de um câncer. A apresentação foi pensada de trás para a frente. O vestido de noiva, tradicionalmente o último a entrar na passarela, abriu o desfile. Ao se virar de costas, era possível ver uma máscara de látex na parte de trás da cabeça e, na cintura, duas mãos entrelaçadas feitas do mesmo material.

Rober Dognani, Casa de Criadores 52 Foto: Marcelo Soubhia / @agfotosite

• Neriage apresenta licenciamentos de obras de Leonilson

Pela primeira vez na história, as obras do artista cearense Leonilson, falecido há 30 anos, foram licenciadas para fins comerciais. Quem teve essa oportunidade única foi Rafaella Caniello, fundadora e diretora criativa da Neriage. A colaboração foi o principal assunto da coleção de verão 2024 da marca. 

Neriage, Verão 2024 Divulgação

• A volta de Helô Rocha para a SPFW

Depois de seis anos longe das passarelas da SPFW, Helô Rocha retornou ao evento com um desfile que celebrou suas raízes. Apesar de ter nascido em Porto Alegre, Helô cresceu em Natal, no Rio Grande do Norte, e boa parte de sua família vem do Seridó, no interior do estado. Daí vem a ode aos trabalhos manuais típicos dessa região do sertão nordestino, como crochês, bordados, pedrarias e principalmente a renda. 

 

• Ateliê Mão de Mãe na SPFW N56

“Água de Meninos”, nome que batiza a coleção da Ateliê Mão de Mãe, apresentada na SPFW N56, é um dos bairros mais históricos de Salvador. É lá que acontece, há mais de 300 anos, a Feira de São Joaquim, um labirinto popular de experiências gastronômicas, sonoras e culturais. Vinícius Santana e Patrick Fortuna, fundadores e diretores de criação da marca soteropolitana, explicam que o local traz memórias afetivas pela religião do casal, o candomblé, e pela infância vivida por lá. O desfile serviu também para coroar um momento importante da marca, que abriu uma loja em Salvador e assinou uma coleção recente com a C&A.

Ateliê Mão de Mãe, SPFW N56 Foto: Marcelo Soubhia / @agfotosite

• Mateus Cardoso faz grande estreia na SPFW N56

Para sua estreia na SPFW, Mateus Cardoso se debruçou sobre elementos que definem o estilo de sua marca. Na apresentação, blazers de silhueta quadrada, com lapelas marcadas e ombros bem definidos, ganharam um desenho arredondado e pouco exagerado, enquanto casacos, jaquetas, acessórios e looks femininos ofereceram o ineditismo que evidenciou a evolução do estilista em seus três anos de ateliê.

• Primeiro desfile de João Maraschin no Brasil

Nascido no Rio Grande do Sul e radicado em Londres, João Maraschin apresentou suas roupas pela primeira vez no Brasil, em um desfile poderoso na SPFW N56. O designer (o único brasileiro semifinalista do prêmio LVMH de 2023) reforçou a praticidade e funcionalidade de suas peças com texturas de tricô em vestidos com pontos largos, suéteres e blusas felpudas e franjas, além de uma alfaiataria precisa e um jeanswear sofisticado.

• Lenny Niemeyer na Cinemateca Brasileira

Em seu desfile de alto verão 2024, apresentado na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, Lenny Niemeyer olhou especialmente para o artesanato brasileiro. A estilista incorporou materiais rústicos, como a seda orgânica e a palha de buriti, ao seu olhar modernista sobre o beachwear. Camisas amplas eram acompanhadas de vestidos com silhuetas esculturais, macacões cheios de textura, maiôs inteiros de cestaria ou envoltos por pétalas de palha, caftãs e capas fluidas.

 

• Herchcovtich;Alexandre na Casa de Criadores

Como seria a praia de Alexandre Herchcovitch? Para a sua estreia na Casa de Criadores, o designer saiu da zona de conforto para mergulhar em elementos solares, como mar, piscina e férias. A partir daí, vêm os materiais usados na construção de maiôs, biquínis e sungas. O neoprene, por exemplo, tecido das roupas de mergulho, surge em conjuntos retrô com estampas floridas. Em outro momento do desfile, Alexandre dá um show de técnica ao trazer sua pesquisa sobre roupas de época com interpretações de sobrecasacas masculinas usadas para cavalgar e vestidos camisola com pregas com um perfume vitoriano.

Leia também: Os principais desfiles internacionais de 2023.

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